terça-feira, 26 de agosto de 2014

Ação do MP investiga extorsão de CCs e prende vereador em Canoas


Funcionários tinham de entregar parte dos salários aos políticos. 

Procurado pela RBS TV, vereador preso disse que só manifesta em juízo.

Do G1 RS
 Vereadores da Câmara Municipal de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, são suspeitos de exigir parte dos salários dos assessores. De acordo com uma investigação do Ministério Público, os funcionários eram obrigados a fazer empréstimos para entregar o dinheiro aos políticos. Durante uma operação do MP na tarde desta segunda-feira (25), o vereador Celso Jancke (PP) foi preso. No total, sete mandados de busca e um de prisão foram cumpridos pela Promotoria Especializada Criminal, como mostra a reportagem do RBS Notícias (veja o vídeo acima).
De acordo com o órgão, além de Jancke, outros dois parlamentares da Casa são suspeitos de exigir parte dos salários de assessores e se tornaram alvos da ação. Com apoio de PMs, documentos foram recolhidos nos gabinetes dos vereadores Francisco da Mensagem (PSB) e Doutor Pompeo (PTB), além de Jancke. Todos são suspeitos de cobrar até a metade dos vencimentos de funcionários. Alguns deles seriam fantasmas, informou o MP.
Antes de ser preso, Jancke disse que só pretende se manifestar judicialmente. Procurados pela RBS TV, Francisco da Mensagem e Doutor Pompeo não quiseram se manifestar sobre a investigação.
MP cumpre mandados de busca e apreensão na Câmara de Canoas (Foto: Giovani Grizotti/RBS TV)MP cumpre mandados de busca e apreensão na
Câmara de Canoas (Foto: Giovani Grizotti/RBS TV)
O repasse do dinheiro foi comprovado por quebras de sigilo bancário. Em depoimentos, três assessores afirmaram que Celso exigia parte dos salários, incluindo o 13º. Além disso, as investigações apontaram que em alguns casos, empréstimos eram contraídos pelos funcionários para repassar o “desconto” dos salários de todo o mandato.
Responsável pelo caso, o promotor Flávio Duarte chegou a comparar o suposto esquema a um "regime de escravidão". “Além da concussão, que é a exigência de parte do salário e lavagem de dinheiro, a situação peculiar do empréstimo deixa esse servidor a condição análoga à de escravo, porque não pode deixar de trabalhar, não pode denunciar irregularidade, fica quase vinculado durante todo mandato ao vereador”, explicou.
Um ex-assessor que pediu para não ser identificado relatou que, na época em que atuava na Câmara de Canoas, recebia quase R$ 10 mil por mês. Porém, para continuar com o cargo, afirmou ter obtido um empréstimo consignado de R$ 78 mil para um vereador. Além dos R$ 2,5 mil que eram descontados para quitar o empréstimo, ele diz que entregava mensalmente mais R$ 1,4 mil ao parlamentar.
"Empréstimo era uma forma de ele quitar as dividas da campanha. Então, a pessoa que entrava lá, fazia empréstimo para ajudar nas dividas da campanha dele", disse o servidor.
Confira trechos de interceptações telefônicas obtidas pelo MP

Vereador Celso Jancke: eu acho que vocês não estão entendendo que vocês são cargos meus. E quem manda nos cargos sou eu. E aí, eu dou uma ordem, uma determinação e a coisa não anda.
Jancke: eu vou fazer com todos: 50%.
Jancke: vamos supor, o líquido deu R$ 8 mil: R$ 4 mil. É isso, sabe. O líquido deu R$ 5 mil: R$ 2,5 mil. Décimo (décimo terceiro), um terço das férias, tudo.

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