sábado, 21 de novembro de 2015

Homem mais rico do Brasil defende diálogo entre Lula e FHC

Da Folha de hoje:

Lemann diz que polarização política trava avanço do país
MARIA CRISTINA FRIAS
COLUNISTA DA FOLHA
THAIS BILENKY
DE NOVA YORK
  
O empresário Jorge Paulo Lemann, 76, criticou a polarização política no Brasil por travar o progresso do país e defendeu o diálogo entre os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso.
Principal acionista da AB InBev e homem mais rico do Brasil, com um patrimônio de R$ 83,7 bilhões segundo a revista “Forbes”, o empresário conversou com a Folha em evento organizado pela Fundação Lemann, cujo conselho ele preside, na Universidade Columbia, em Nova York, nesta sexta-feira (20).
“O pessoal não se entende. Até Fernando Henrique e Lula. Eles foram amigos, já trabalharam juntos e aí ficou nessa ciumeira de o Lula querer ser Fernando Henrique e Fernando Henrique querer ser Lula”, disse.
“Tem de se unir por algumas coisas, [dizer:] vamos conversar que é importante”, avaliou o empresário.
Em meio a essa polarização, “o PMDB fica ali no meio”, observou. “Acho que o PMDB vai saltar fora desse governo daqui a pouco. Aí que as coisas vão acontecer.”
Lemann ponderou que discursos idealistas tampouco ajudam a construir soluções práticas. “Está cheio de gente no Brasil que acha que igualdade é uma beleza. Eu acho igualdade uma beleza também, só que não funciona. Igualdade de oportunidade, isso sim. Agora, igualdade por igualdade… As pessoas não são iguais.”
Em discurso no evento, o empresário afirmou que “incomoda que, no Brasil, as pessoas sejam tão preocupadas sobre ser de direita e ser de esquerda”. “Poucos falam sobre o que deveria ser feito, sobre o que é prático e o que pode ajudar o país”, criticou.
MARINA SILVA
Antes dele, a ex-senadora Marina Silva (Rede) falou sobre a crise no Brasil e no mundo, em decorrência do que ela considera ser um desgaste de instituições e estruturas tradicionais da democracia.
“Eu ouvi a Marina nesta manhã e gostei do que ela falou sobre achar um novo jeito, mais objetivo, de sair da situação atual de briga entre direita e esquerda, que não resolve nada”, declarou.
Lemann se disse “esperançoso”, apesar da crise.
“Eu tenho 76 anos. Já passei por muitos problemas. No fim, as coisas se resolvem e tenho certeza que o Brasil vai conseguir superar desta vez”, afirmou. “Pode haver um Brasil muito melhor, e vejo bons sinais. Há muito empreendedorismo acontecendo lá.”
Lemann elogiou o trabalho do Ministério Público nas denúncias de escândalos de corrupção: “Eu gosto dos promotores públicos no Brasil que estão lidando com a corrupção. É um grupo pequeno de pessoas que tem um efeito multiplicador tremendo”.
Ele contou que sua fundação levou o método de ensino de matemática da Khan Academy a 500 mil alunos em 500 escolas em todo o Brasil. Para ele, é importante investir na formação de professor, mas não dá para esperar “50 anos”.
O empresário formalizou, nesta sexta, a inauguração do Centro Lemann para estudos sobre o Brasil em Columbia. Além de doação à universidade, a fundação oferece bolsas de estudos para brasileiros no exterior.

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