quinta-feira, 2 de abril de 2020

HOMENAGEM AO NOSSO PAI (GERALDO) POR GILSON FERREIRA.



*DOIS DEDOS DE PROSA COM PAPAI*
Pai, eu não esperava perdê-lo agora. Tinha planos para convivermos ainda por muitos anos. Saiba que é muito doída a sua ausência. Cada um sabe a dor que sente e não é a quantidade de lágrimas derramadas que medem a intensidade da dor.
Outro dia, li um texto do Pedro Bial sobre a morte e ele dizia, revoltado, que “morrer é ridículo”; que as pessoas são pegas de surpresa e não têm tempo de organizar as coisas antes de partir. Bom, em parte ele até tem razão. Em regra, ninguém se prepara pra morrer, mas Deus sabe o tempo de cada um de nós. Ele é o senhor de tudo.
Pai, pode parecer estranho, mas eu não vou reclamar, nem chorar. Vou preferir agradecer a Deus por ter me dado um Pai tão maravilhoso e permitido conviver com o senhor por 58 anos. Um homem que criou seus filhos e os protegeu como um tigre protege seus filhotes; que os motivou a estudar e disse-lhes, repetidas vezes, que a educação seria a maior herança que poderia deixar-lhes; mas deixou muito mais. Deixou seu exemplo de homem honesto, honrado, de bom caráter, que praticava o bem e não aceitava as desigualdades.
Com os estudos que o senhor me proporcionou, eu me formei e, hoje, sou um profissional realizado e pai de família abençoado.
Com mamãe, Dona Elione, essa mulher fantástica, o senhor partilhou 63 anos de união e tiveram três filhos maravilhosos. Uma vida regada de amor e companheirismo. Lembro-me da sua preocupação na UTI, querendo saber a toda hora se mamãe estava bem. Fique tranquilo, pai, mamãe está conosco, sendo apoiada por toda família, especialmente pelos filhos e netos.
Também agradeço pelo tanto de carinho que dedicou a Vitor e a Igor, seus netos. Por todos os anos que o senhor, com todo cuidado e carinho, buscava-os na escola todos os dias da semana. E com sua mania por segurança, só aceitava ir embora quando eles já estavam dentro de casa, sãos e salvos. Depois, dava um cheiro na cabeça de cada um e voltava pra sua casa. Isso era uma marca registrada sua. Obrigado também por isso, Pai. E como foi lindo vê-lo assistindo à formatura de cada um deles e saber que o senhor tem sua grande parcela de contribuição nisso tudo. Seus netos também agradecem.
Ah, e sua nora, Everilce! Sabia que ela tinha o senhor como uma espécie de pai? Pois é. Eu sou testemunha do carinho e admiração que ela tinha pelo senhor. O senhor conquistou todos em sua volta, viu, Pai?
O senhor não tolerava as desigualdades. Não conseguia ver uma pessoa pedir um auxílio na sua porta e deixá-la sair com as mãos vazias. Ofertava um pão, um prato de comida, um trocado. Alguma coisa o senhor fazia para aplacar a fome daquele que batia à sua porta.
Pai, o senhor não era um homem perfeito. Mas quem o é? Mas tenha a certeza: o saldo da contabilidade da sua vida, é, sem sombra de dúvida, positivo. E bota positivo nisso. O senhor foi um homem honesto, honrado, amado e respeitado por sua família e admirado pelos amigos. Atraia até mesmo a simpatia daqueles que pouco o conheciam. Fique certo que o senhor fez quase tudo certo, como qualquer um de nós. Mas o que não acertou, aprendeu com o erro. Ninguém acerta tudo, né? E eu lhe admiro assim, com todos os seus erros e acertos.
Olha, Pai, quando eu era criança, o senhor era meu herói, sabia? Eu cresci e o senhor virou minha referência.
É por isso tudo, Pai, que eu tenho muito que agradecer. Ah, eu disse que não ia reclamar, nem chorar, né? Consegui não reclamar, mas não consegui conter as lágrimas. Tenho fé em Deus que a dor passará em breve, mas a saudade, essa eu sentirei por toda a minha vida, porque o senhor estará sempre no meu coração. Fique tranquilo, pai, um dia todos teremos que partir; aí a gente se encontra.
Muito obrigado, Pai.
Que Deus lhe conceda o Reino do Céu.
02/04/2020
Gilson Ferreira

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