quinta-feira, 20 de dezembro de 2018


MAIS UMA: Ações do Facebook caem 7% com novo escândalo de uso indevido de dados e compartilhamento de informações com Amazon, Netflix e Spotify


O Facebook compartilhou dados pessoais de seus 2,2 bilhões de usuários sem o devido consentimento com gigantes de tecnologia como Microsoft, Amazon e Netflix ao longo dos últimos anos. Revelada pelo jornal ‘The New York Times’ ontem, a prática colocou a rede social no centro de mais um escândalo e fez suas ações caírem 7,3% na bolsa Nasdaq.
Segundo a publicação, que teve acesso a 270 páginas de documentos internos da empresa e realizou mais de 50 entrevistas, o Facebook dividiu informações, de 2010 a 2017, com mais de 150 parceiros comerciais. Netflix e Spotify, por exemplo, podiam ver e até apagar mensagens privadas de usuários no aplicativo Messenger.
A rede social também autorizou o Bing, site de busca da Microsoft, a ver os nomes de todos os amigos de um determinado usuário do Facebook e concedeu à Amazon acesso aos nomes de usuários e informações de contato.
Ao jornal, o diretor de privacidade do Facebook, Steve Satterfield, disse que nenhum dos pactos violou os acordos de privacidade do Facebook ou compromissos assumidos pela empresa com o governo americano.
Após a publicação da reportagem, a empresa voltou a rebater as acusações. “Nenhuma dessas parcerias ou recursos concedeu às empresas acesso a informações sem a permissão dos usuários”, disse Konstantinos Papamiltiadis, diretor de plataformas de desenvolvedores do Facebook.
Procuradas pelo NYT, Microsoft e Amazon alegaram ter usado os dados de forma adequada. Já a Netflix emitiu nota dizendo “em nenhum momento acessamos as mensagens particulares das pessoas no Facebook ou pedimos para fazê-lo”.
Se infrações forem descobertas pelas autoridades dos EUA, como a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês), a empresa poderá ser penalizada. “Para definir se houve crime, é preciso saber se todos os usuários deram consentimento para compartilhamento de seus dados com terceiros”, explica Bruno Bioni, fundador do Data Privacy Brasil. “Para haver consentimento efetivo, os usuários precisam ter dimensão do compartilhamento.”
Processo. Além da reportagem do New York Times, outro golpe atingiu o Facebook: o início de um processo movido pelo procurador-geral do Estado americano de Washington, Eric Racine, contra a empresa, por conta do caso Cambridge Analytica. Revelado em março, o escândalo mostrou como a consultoria política usou indevidamente dados de 87 milhões de usuários do Facebook.
Na sequência, o caso fez Zuckerberg depor no Congresso americano e motivou mudanças de rota na rede social que, em julho, levaram a companhia a reduzir projeções de lucros e perder a US$ 119 bilhões em valor de mercado em único dia – a maior queda diária da história de Wall Street. Agora, a empresa pode ser penalizada pela primeira vez dentro dos EUA pelo caso. “O Facebook falhou em proteger a privacidade de seus usuários e os enganou quanto a quem teve acesso a seus dados e como eles foram usados”, disse Racine.
Juntos, os dois casos levaram as ações da empresa à maior queda desde julho, com baixa de 7,3% na bolsa de valores Nasdaq. Ontem, o Facebook encerrou o pregão valendo US$ 382,9 bilhões – queda de 39% desde seu pico histórico, em 25 de julho deste ano. Para o analista Joel Kulina, da consultoria Wedbush Securities, a série de escândalos deve ser acompanhada de perto. “Há risco de a plataforma perder usuários.”
LINK / ESTADÃO

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