segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Dólar volta a subir e fecha em R$ 4,09 com saída de capital externo

O dólar começou a segunda-feira, 9, em queda, mas o movimento durou pouco e a moeda operou em alta na maior parta do dia. A sessão foi de volume baixo de negócios e marcada pela escassez de notícias capazes de influenciar os mercados, aqui e no exterior. Por isso, operadores atribuem a alta da moeda a fatores técnicos, como a saída de capital do país. No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,46%, a R$ 4,0987.
No mercado de ações, após uma manhã de alta firme, em que chegou a superar os 104 mil pontos, o Ibovespa perdeu fôlego na segunda etapa de negócios. Segundo operadores, um forte movimento de realização de lucros em papéis de varejo e, em menor medida, do setor elétrico limitou os ganhos do principal índice da B3. Apesar da desaceleração ao longo da tarde, o Ibovespa terminou esta segunda-feira em alta de 0,24%, aos 103.180,59 pontos, emendando o quarto pregão seguido de valorização.
A falta de notícias contribuiu para esfriar o volume de negócios nesta segunda-feira, que somou US$ 15 bilhões no mercado futuro, ante média de US$ 18 bilhões. Além disso, os investidores aguardam o principal evento da semana, que é a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira (12). “Será uma reunião de importância crucial”, observam os estrategistas do banco americano Wells Fargo. Eles preveem corte de juros e o anúncio de um novo programa de compra de ativos, da ordem de US$ 45 bilhões por mês, ambos para tentar reaquecer a fraca economia da zona do euro.
No mercado doméstico, o dólar abriu em baixa e tocou na mínima do dia, a R$ 4,0485 após dados piores que o previsto de exportações da China alimentarem expectativas de que Pequim vai anunciar medidas de estímulo. O movimento, porém, durou pouco e a moeda americana passou a subir.
Profissionais no mercado de câmbio dizem que neste momento, o nível de R$ 4,05 atrai compradores, pois é considerado “barato” dadas as incertezas que rodam a economia mundial. À tarde, o dólar bateu em R$ 4,10. “Teve fluxo de saída e de recomposição de posições. Vimos alguns agentes que venderam dólar na semana passada comprando hoje”, observa o operador da CM Capital Markets, Thiago Silêncio. O dólar acumulou queda de 1,5% na semana passada.
No exterior, o dólar tinha leve queda ante moedas fortes, com o índice DXY cedendo 0,11%. Ante emergentes, a moeda americana operava mista, subindo ante a lira turca (+0,70%) e o peso mexicano (+0,26%) e caindo na Rússia (-0,33%) e na África do Sul (-0,17%).
Bolsa
Pegando carona na alta do preços do minério, as ações da Vale subiram 3,10% e as siderúrgicas registraram ganhos de mais de 4%, com destaque para o papel da Usiminas, que subiu mais de 8% e liderou os ganhos na carteira teórica do Ibovespa. Entre as demais blue chips, os bancos tiveram nova sessão de ganhos, embalados na expectativa de redução dos depósitos compulsórios.
Já os papéis da Petrobrás avançaram mais de 1%, impulsionados pela valorização do petróleo e a publicação do edital do megaleilão de óleo excedente da sessão onerosa, que será realizado no dia 6 de novembro. Outro ponto positivo foi a aprovação do acordo para encerrar ação coletiva contra a Petrobras nos Estados Unidos. Também teria contribuído para impulsionar as ações da petroleira declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, dando conta de que deseja privatizar todas as estatais.
Os principais papéis de varejo e do setor imobiliários amargaram fortes quedas, com ações de Cyrela, B2W e Via Varejo perdendo mais de 5%. O Índice de Consumo (Icon) caiu 1,71%, e o Índice Imobiliário (Imob), 3,47%. Outro destaque negativo foi a JBS, que perdeu 3,53%. Com quase 3% de peso no índice, a ação do frigorífico foi abalada pelo fato de não ter unidades entre as que foram habilitadas a exportar carnes para a China.
Segundo a analista-chefe da Coinvalores, Sandra Peres, com a expectativa de retomada do crescimento doméstico e de aprovação das reformas, o Ibovespa tem caminho aberto para continuar sua escalada até o fim do ano, buscando algo entre 115 mil e 120 mil pontos. O que pode barrar o movimento de alta é sobretudo o ambiente externo, ainda tomado pela cautela em relação à falta de avanços nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
“Mesmo atrasando um pouco, as reformas domésticas estão sendo encaminhadas, a inflação está controlada e a Selic tende a ser reduzida. Tudo isso é positivo para a bolsa”, diz Sandra. “A grande preocupação é a questão da guerra comercial, com os tuítes do Trump (Donald Trump, presidente dos EUA) e a dúvida sobre até onde vai o corte de juros nos EUA”, acrescenta.

Estadão Conteúdo

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