segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Escalado para receber propina em nome de Henrique Alves, Norton Masera sempre ostentou uma rotina de luxos, diz Revista IstoÉ


Ary Filgueira
Mesmo com uma renda modesta, ele levava uma vida de luxo, como é possível constatar na foto acima, em que aparece a bordo de uma lancha. Era visto em Brasília dirigindo carros potentes, como um chevrolet Camaro, e pilotando motos caras. Além disso, é proprietário de bela casa de dois pavimentos em condomínio valorizado. Na época de vacas gordas, dividia o tempo com seu maior hobby, que é o motociclismo, e frequentava festas badaladas na capital federal. Em algumas delas, costumava chegar pelas águas do Lago Paranoá. Assim vivia até bem pouco tempo o servidor do Ministério do Turismo, Norton Domingues Masera, de 42 anos. O que pouca gente sabia é que ele era o homem encarregado de receber propina em nome do ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que está preso em Curitiba por superfaturamento nas obras do estádio Arena das Dunas em Natal. Foi com as porcentagens desse dinheiro sujo que o funcionário público bancou festas, comprou veículos valiosos e construiu uma moradia invejável.
Quem denunciou ao Ministério Público a função cumprida por Masera foi o doleiro Lucio Funaro, em delação premiada. Um dos principais responsáveis pela prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, Funaro disse que parte dos repasses ilegais destinados a Henrique Alves foi feita a assessores do ex-ministro do Turismo. Um deles seria Masera. A afirmação de Funaro é comprovada nas planilhas do operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha apreendidas pela PF. Nelas, há uma indicação de que Masera recebeu R$ 600 mil em setembro de 2014, quando Henrique Alves era presidente da Câmara.
Depois que passou a exercer a atividade, o secretário parlamentar da Câmara, na ocasião, aumentou seu patrimônio consideravelmente. Entre um transporte e outro de malotes de dinheiro desviado de órgãos públicos – quando Henrique Alves estava solto –, o homem da mala se dedicava aos prazeres da vida. Em 2015, Henrique Alves, já no Ministério do Turismo, o nomeou assessor especial, cargo que ele exerce até hoje. Seu salário é de R$ 5,4 mil. Em junho deste ano, as finanças sofreriam um baque. Henrique Alves acabou preso em uma das fases da Operação Lava Jato. Com o ex-ministro e Lúcio Funaro encarcerados, as propinas minguaram. A vida de Norton não foi mais a mesma. A situação pode piorar caso a Justiça decida penhorar seus bens para cobrir o desvio dos cofres públicos.
Alguns apelidio de benefiados segundo a PRG.
Os pagamentos a Cunha “Caranguejo”, Moreira “Angorá” e Alves “Fanho”.

PGR também encontrou no sistema eletrônico Drousys, da Odebrecht, arquivos originais com programações de pagamentos para o ministro Moreira Franco e os ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Alves, todos do PMDB, informa a Folha.
Um dos relatórios aponta ter encontrado arquivos com ordens de pagamentos no valor de R$ 7 milhões a “Angorá” – apelido dado a Moreira Franco, segundo as delações.
Dois relatórios apontam arquivos de pagamentos programados a Henrique Alves, sob codinomes “Fanho” (R$ 2 milhões em 2014) e “Rio Grande” (R$ 112 mil mais US$ 67,2 mil em 2010).
“Outros três documentos indicam repasses atribuídos a Cunha, identificado, segundo delatores, pelos apelidos ‘Calota’ (R$ 300 mil em 2014), ‘Acadêmico’ (R$ 3,05 milhões de 2010 a 2014) e ‘Caranguejo’ (ao menos R$ 28,6 milhões entre 2008 e 2014).”

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